quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Administração e Segurança Pública:DEPENDENTE DE DROGA NÃO É VÍTIMA, DIZ PESQUISADORA

Os usuários de drogas que precisam de tratamento devem ser ouvidos na construção das políticas públicas e não tratados como vítimas que desconhecem os prejuízos da droga. Foi o que defendeu na manhã desta quarta-feira (23/11/11) a professora Alba Maria Zaluar, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante palestra de abertura da V Conferência Estadual de Políticas sobre Drogas, no Teatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

“A tendência é achar que os jovens e os dependentes deixariam de usar drogas se soubessem dos riscos. Eles sabem que podem morrer, mas não sabem como sair dessa armadilha”, alertou a especialista, para quem o País precisa de políticas públicas mais eficazes e a menor custo. Com o tema "As Ações intersetoriais e a gestão de rede", a conferência é promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, por meio da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas, e prossegue até esta sexta-feira (25), no Hotel Tauá, em Caeté (Região Metropolitana de Belo Horizonte).

Falando sobre “A abordagem sistêmica das redes sociais como um novo paradigma na construção de caminhos para a atenção ao usuário de álcool e outras drogas”, a pesquisadora fez ainda uma abordagem sobre os efeitos que as substâncias psicoativas ilegais têm sobre o cérebro. E afirmou que a reinserção de dependentes químicos hoje feita por entidades religiosas e organizações sociais deve ser assumida por profissionais.

"Esse não é um trabalho para amadores”, justificou ela, professora de Antropologia do Instituto de Medicina Social da UERJ e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Violências (Nupevi). Nesse sentido, Alba Maria defendeu o funcionamento de instituições especializadas e afirmou que mesmo a organização de redes sociais para enfrentamento das drogas deve buscar respostas locais, e não políticas e ações uniformes que não levem em conta realidades e culturas distintas.

Recursos devem ser priorizados - Segundo a professora da UERJ, não faltam recursos para políticas de prevenção às drogas. Disse que falta priorizar os recursos existentes, em resposta à fala anterior do senador Wellington Dias, que também compôs a mesa de abertura e defendeu que uma parte da receita advinda da exploração do Pré Sal seja destinada à prevenção.

A especialista também disse que a questão da legalização ou não das drogas não deve ser entendida, nas discussões, como direito ao consumo, mas como a responsabilização de todos os envolvidos. E advertiu que o comércio e o consumo de drogas compõem uma atividade econômica contínua e lucrativa, cujos negócios penetram em setores legais, como bancos e transportes, que a eles prestam serviços num círculo vicioso de práticas subterrâneas como a lavagem de dinheiro.

O enfrentamento desse ciclo, segundo a pesquisadora, gera economia de recursos para os países. Somente a França pouparia 300 milhões de euros ao ano apenas em aparato policial e serviços de investigação relacionados às drogas, montante que subiria para 1 bilhão de euros em economia se computados os gastos com o sistema penal, disse ela.

ALMG anuncia criação de Comissão Especial sobre drogas

Representando na abertura o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Célio Moreira (PSDB), destacou que a Assembleia Legislativa está instituindo uma Comissão Espacial destinada a debater especificamente o problema das drogas, com a participação dos demais poderes públicos e de representantes da sociedade.

Frisando que o assunto tem estado na pauta do Legislativo Mineiro, o deputado citou a realização, no ano passado, do Fórum Técnico Segurança Pública: Drogas, Criminalidade e Violência, antecedido por 20 audiências públicas regionais, que subsidiaram um diagnóstico atualizado das demandas em Minas e resultaram em propostas de políticas para prevenir e combater o problema das drogas e suas interações com o tráfico, a violência e a criminalidade.

Célio Moreira considerou oportuna a realização da V Conferência Estadual ao alertar que a disseminação das drogas, intimamente associada aos indicadores de violência, não é mais um fenômeno restrito aos grandes centros urbanos e suas áreas periféricas, mas presente também nas pequenas cidades do interior e até nas regiões rurais.

Estado defende integração de ações

Para o subsecretário de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, os desafios colocados no enfrentamento desse cenário exigem clareza e compromisso de todos os setores envolvidos. “A lógica deve ser a de integração, pois ações já surgiram”, defendeu Benevides, citando como ação cujos resultados têm sido positivos o programa “Prevenção Em Pauta”, do Canal Minas Saúde, que segundo ele atinge mais de 20 mil profissionais de todas as redes, trocando e alinhando conhecimento sobre políticas públicas.

Restrições - Já na esfera federal, o senador Wellington Dias, presidente da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outros do Senado Federal, anunciou que a presidente Dilma vai divulgar na próxima semana um novo conjunto de medidas relacionadas ao enfrentamento das drogas.

Além de uma mobilização nacional, o senador defendeu medidas como a proibição da propaganda de qualquer tipo de droga, aí incluídos tabaco e bebida alcóolica, e a exigência de licença especial para que estabelecimentos como bares e hotéis vendam esses produtos. “Não são medidas simples, mas é preciso mexer com a lógica atual”, alegou.

Mesa - Também compuseram a mesa de abertura o secretário municipal de Políticas Sociais de Belo Horizonte, Jorge Nahas; o presidente da Comissão Especial de Estudos Relativos à Legislação e às Políticas Públicas voltadas para a Prevenção e Combate ao Crack e outras Drogas da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Hugo Thomé (PMN); o presidente do Centro de Recuperação de Dependência Química (Credeq), Wellington Vieira; o presidente do Conselho Estadual Antridrogas de Minas Gerais (Conead), Aloísio Andrade; o presidente da Organização Não-Governamental "Terra da Sobriedade", Ronaldo Viana; e o coordenador estadual de saúde mental da Secretaria de Estado de Saúde, Paulo Roberto Repsold.

Fonte:http://www.almg.gov.br

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